No STF maioria vota a favor de enquadrar homofobia como crime de racismo
Seis ministros votaram porem o julgamento foi suspenso. Analise será retomada no próximo dia cinco de junho.
O Supremo Tribunal Federal (STF)
formou maioria nesta quinta-feira (23) para enquadrar a homofobia e a
transfobia como crimes de racismo. Até o momento, seis dos 11 ministros votaram
nesse sentido.
A sessão desta quinta marcou o quinto
dia de julgamento sobre a criminalização de condutas discriminatórias contra a
comunidade LGBTI. A análise será retomada no dia 5 de junho com os votos de
cinco ministros
As ações pedem a criminalização de
todas as formas de ofensas, individuais e coletivas, homicídios, agressões e
discriminações motivadas pela orientação sexual e/ou identidade de gênero, real
ou suposta, da vítima.
Até o momento, votaram para enquadrar
homofobia e transfobia na lei de racismo os ministros Celso de Mello, Edson
Fachi, Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber e Luiz Fux.
O julgamento havia sido interrompido em fevereiro e foi
retomado nesta quinta, mesmo depois de o Senado ter avançado em um projeto de
lei sobre o tema na quarta (22). Antes da análise do tema ser retomada, nove
dos 11 ministros entenderam que o avanço de um projeto no Congresso não
significa que não haja omissão do Legislativo sobre o tema.
Apenas os ministros Marco Aurélio Mello
e o presidente da Corte, ministro Dias Toffoli, foram contrários à retomada do
julgamento. Para os dois, o STF deveria esperar o Congresso legislar.
Votos
No início do julgamento, em
fevereiro, os relatores das ações, os ministros Celso de Mello e Edson Fachin,
entenderam que o Congresso Nacional foi omisso e que houve uma demora
inconstitucional do Legislativo em aprovar uma lei para proteger homossexuais e
transexuais.
Para eles, cabe ao Supremo aplicar a
lei do racismo para preencher esse espaço, até que os parlamentares legislem
sobre o tema. Os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso votaram no mesmo sentido.
Na sessão desta quinta, a ministra
Rosa Weber também votou para criminalizar atos violentos contra homossexuais.
Para ela, há temas que "a palavra se impõe, e não o silêncio".
"E este é um deles", disse.
"A mora do Poder Legislativo em
cumprir a determinação da Constituição está devidamente demonstrada. Entendo
que o direito à própria individualidade, identidades sexual e de gênero, é um
dos elementos constitutivos da pessoa humana", votou a ministra,
acompanhando o voto dos relatores.
Em seguida, o vice-presidente do STF,
ministro Luiz Fux, deu o sexto voto a favor, formando maioria para reconhecer a
omissão do Legislativo e enquadrar a homofobia como crime.
"Delitos homofóbicos são tão
alarmantes quanto a violência física", afirmou Fux, citando "níveis
epidêmicos de violência homofóbica".
"Depois do Holocausto, jamais se
imaginou que um ser humano poderia ser alvo dessa discriminação e
violência", disse o ministro.
Entenda
o julgamento
As ações foram apresentadas pelo PPS
e pela Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transgêneros (ABGLT). Elas
pedem que a Corte fixe um prazo para o Congresso votar projetos de lei sobre o
tema.
Caso esse pedido não seja aceito,
pedem que o Supremo reconheça a omissão e demora inconstitucional do
Legislativo em votar projetos de lei e equipare a lei do racismo para que ela
passe a ser aplicada em casos de crimes cometidos contra homossexuais e
transexuais.
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