Depois de um acordo, comissão do Congresso libera o crédito extra de R4 248,9 bilhões, pedido por Bolsonaro
Dinheiro servirá para o governo cumprir com os pagamentos de salários e benefícios sociais
Após acordo entre os partidos, a Comissão Mista de
Orçamento (CMO) do Congresso Nacional aprovou nesta terça-feira (11) um projeto
de lei que autoriza um crédito extra de R$ 248,9 bilhões ao Executivo federal,
a ser obtido com a emissão de títulos do Tesouro Nacional.
Pelo projeto, o governo Jair Bolsonaro poderá
contrair dívidas para pagar despesas correntes, como salários e benefícios
sociais, sem descumprir a chamada "regra de ouro".
Esse mecanismo constitucional veda o Executivo de
se endividar com a emissão de títulos para custear contas do dia a dia. A única
exceção é se houver a autorização do Congresso Nacional. Caso contrário, o
presidente da República pode ser enquadrado no crime de responsabilidade
fiscal, que pode embasar um pedido de impeachment.
A votação na comissão só foi viabilizada depois de
o governo ceder a algumas demandas de diferentes partidos, incluindo de
oposição, que, em contrapartida, concordaram em não obstruir os trabalhos do
colegiado.
Foram cerca de duas horas de negociação a portas
fechadas em uma sala ao lado do plenário da comissão.
Nesse meio tempo, o relator do projeto de lei,
Hildo Rocha (MDB-MA), e a líder do governo no Congresso, deputada Joice
Hasselmann (PSL-SP), chegaram a deixar o local para se reunirem com o ministro
da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, no Palácio do Planalto para apresentar os
pleitos dos parlamentares.
Segundo Hasselmann, o governo se comprometeu a:
·
liberar para a educação R$ 1 bilhão dos recursos
que hoje estão contingenciados;
·
destinar R$ 1 bilhão para o programa habitacional
Minha Casa, Minha Vida;
·
enviar R$ 550 milhões para as obras de transposição
do Rio São Francisco;
·
liberar 330 milhões para bolsas de estudo do CNPQ.
·
A aprovação do parecer de Hildo Rocha, porém, não
foi unânime. PT e PCdoB manifestaram apoio a um voto em separado apresentado
pelo senador Angelo Coronel (PSD-BA), que propunha a autorização de um valor
menor do que o governo havia pedido: R$ 146,7 bilhões, em vez dos R$ 248,9
bilhões.
Agora,
a expectativa é de que o projeto de lei seja analisado ainda na tarde desta
terça em uma sessão conjunta do Congresso Nacional.
Antes,
porém, os parlamentares precisarão terminar de analisar no plenário os vetos
presidenciais que trancam a pauta do plenário para só então votarem o projeto
de crédito.
No
sábado (8), o presidente Jair Bolsonaro afirmou que terá de suspender, a partir
do dia 25 de junho, o pagamento de benefícios a idosos e pessoas com
deficiência caso o Congresso não aprove o projeto que libera crédito extra.
Bolsonaro
fez a afirmação em uma rede social e acrescentou que, se a proposta não for
aprovada pelos parlamentares, outros programas podem ficar sem recursos nos
próximos meses.
Ele
citou o Bolsa Família, o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura
Familiar (Pronaf) e o Plano Safra. "Acredito na costumeira
responsabilidade e patriotismo dos deputados e senadores na aprovação urgente
da matéria", afirmou Bolsonaro.
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