Justiça Federal absolve Adélio Bispo por facada em Bolsonaro, devido a doença mental. Agressor ficará internado por tempo indeterminado
Justiça concluiu que Adélio sofre de transtorno delirante e não pode ser punido criminalmente.
Investigador do caso Adélio acredita que esfaqueador sofre de distúrbio mental Foto: Ricardo Moraes / Agência O Globo |
O juiz
federal Bruno Savino, da 3ª vara da Justiça Federal em Juiz de Fora (MG),
absolveuAdélio Bispo de Oliveira, de ter dado uma facada no
presidente Jair Bolsonaro (PSL), durante ato de campanha em Juiz de
Fora, em setembro de 2018. A absolvição foi de modo impróprio, porque o
agressor sofre
de transtorno delirante persistente , segundo pareceres médicos da
defesa de Adélio e de peritos escolhidos pela acusação, que o torna
inimputável. Ou seja: não pode ser punido criminalmente. O juiz converteu a
prisão preventiva em internação por tempo indeterminado.
Adelio
Bispo seguirá internado na Penitenciária Federal de Segurança Máxima de Campo
Grande (MS), que possui espaço para tratamento de sua doença, enquanto não for
verificada a cessação de sua periculosidade. O exame será feito constatado por
meio de perícia médica, num prazo de três anos. Isso significa que, caso
Adélio não seja atestado com a doença no futuro, possa cumprir a pena prevista
no Código Penal.
"A
conduta do réu, embora típica e antijurídica, não pode ser punida por não ser
juridicamente reprovável, já que o réu é acometido de doença mental que lhe
suprimiu a capacidade de compreender o caráter ilícito do fato e de se
determinar de acordo com este conhecimento", escreveu Savino, na decisão.
Adéliio
respondia pelo crime de "atentado pessoal por inconformismo político"
com base no artigo 20 da Lei de Segurança Nacional. Segundo a denúncia, o
objetivo de Adélio Bispo de Oliveira era o de tirar Bolsonaro da disputa
eleitoral. Caso não fosse considerado inimputável, sua pena poderia chegar a
até 20 anos.
Em curto depoimento enviado à Justiça Federal, Bolsonaro disse que não percebeu a aproximação de Adélio Bispo e que não teve tempo de se defender.
"Segundo
os médicos, minha sobrevivência foi um milagre. Muito sofrimento em três
cirurgias e, até hoje, sofro as consequências dessa tentativa de
execução", afirmou.
No
último dia 27, a Justiça havia concluído que Adélio é portador de transtorno
delirante persistente. A doença foi atestada por todos os médicos que avaliaram
Adélio, tanto os peritos oficiais como os assistentes técnicos das partes. Não
houve, dentro dos documentos anexados ao processo, nenhum parecer ou laudo que
apontasse que o agressor não sofre de doença mental.
A
única divergência estava relacionada à subcategoria dessa patologia. A própria
psiquiatra escolhida pelos advogados de Jair Bolsonaro apresentou parecer com a
conclusão de que ele sofre desse mesmo transtorno
Não
houve recurso por parte do Ministério Público Federal (MPF), dos advogados do
presidente Jair Bolsonaro e dos representantes de Adélio Bispo da decisão que
considerou o agressor inimputável.
Adélio
pediu para ser transferido
Em
carta escrita de próprio punho, Adélio chegou a pedir
a sua transferência para estabelecimento prisional em Montes Claros ,
sua cidade natal, mas o pedido foi negado em razão de segurança. O agressor
disse que gostaria de ser transferido em virtude do presídio de Campo Grande
"ter sido construído com características da arquiíeturo maçónica, além de
o local estar impregnado de energia satânica". Ele está preso em Campo
Grande desde o dia 8 de setembro de 2018, quando foi transferido da unidade do
Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp), em Juiz de Fora (MG).
"É
ndiscutível que a sua transferência para o sistema prisional comum lhe
acarretaria concreto risco de morte, valendo lembrar que o próprio acusado
relatou, em audiência de custódia, ter sido ameaçado por agentes de forças de
segurança, inclusive no Centro de Remanejamento Prisional de Juiz de Fora",
justificou Savino.
A
ligação de Adélio Bispo com temas maçônicos foi repetida por diversas vezes em
consultas feitas por psiquiatras que atestaram a doença mental no agressor. Ele
afirmou que cometeu o atentado porque o então candidato Bolsonaro fazia parte
de "uma conspiração maçônica para destruir o Brasil" e que pretende
matá-lo ao sair da cadeia. Disse, ainda, que pretende fazer o mesmo com o
ex-presidente Michel Temer (MDB). Segundo Adélio, Temer participaria da
conspiração maçônica para conquistar as riquezas do Brasil.
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