Matéria da revista Veja explica que Fabrício Queiroz está envolvido em dois casos de mortes quando era PM
Mortes ocorreram em 2002 e 2003, antes de ele se tornar assessor de Flávio Bolsonaro na Alerj, o que ocorreu a partir de 2007. Investigação sobre movimentações financeiras suspeitas na Alerj seguem sob sigilo. A defesa de Queiroz afirma que ocorrências são frutos de sua atuação como policial "sempre pautada dentro da legalidade e ao bem da sociedade".
O ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz, que
trabalhou, a partir de 2007, no gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia
Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) , já se envolveu em dois casos de morte
relatados como auto de resistência na Cidade de Deus. O caso foi revelado pela
revista Veja. Atualmente, Queiroz está sendo investigado pelo Ministério
Público por movimentações financeiras suspeitas.
A defesa de Queiroz afirmou que ele não tem ficha corrida e que as
ocorrências citadas são frutos de sua atuação como policial "sempre
pautada dentro da legalidade e ao bem da sociedade".
O envolvimento com mortes e outros detalhes violentos do passado
aumentam a lista de suspeitas sobre Fabrício Queiroz, ex-policial militar que
trabalhou no gabinete do senador Flávio Bolsonaro, do PSL, na Alerj.
A reportagem da revista Veja relata mortes,
agressão à mulher e vínculos com o chefão de milícia mais procurado do Rio de
Janeiro, Adriano da Nóbrega. Em 2003, Fabrício e Adriano serviram juntos no 18º
Batalhão da PM (Jacarepaguá), na Zona Oeste do Rio.
Segundo a revista, Queiroz tem o nome vinculado a pelo menos duas
mortes violentas. A primeira no dia 16 de novembro de 2002, na Cidade de Deus.
A reportagem da Veja aponta que policiais escondidos numa laje trocaram tiros
com bandidos durante um baile funk.
A revista ouviu moradores que lembraram do caso e afirmaram que o
motivo foi o não pagamento de propina para a realização do baile. Dois rapazes
ficaram feridos - um deles morreu 25 minutos depois de chegar ao hospital.
O laudo do Instituto Médico-Legal mostra que o homem, identificado
depois como Gênesis Luiz da Silva, de 19 anos, levou um tiro na nuca, que
entrou pelo pescoço e saiu na altura do queixo. O laudo afirma que o disparo
não foi à queima-roupa.
Na delegacia, os policiais registraram o caso como auto de
resistência e alegaram que mataram para se defender. A Polícia Civil diz que,
até hoje, não se chegou à autoria dos disparos e por isso vai sugerir pelo
arquivamento do inquérito.
Numa segunda morte aparece o nome de Adriano da Nóbrega. Ele é
investigado por chefiar uma milícia em Rio das Pedras, na Zona Oeste e está
foragido desde o início do ano. Ele também é suspeito de ser o chefe do
Escritório do Crime, organização que realiza assassinatos por encomenda.
Segundo a Veja, o então tenente Adriano e o sargento Queiroz, no dia
15 de maio de 2003, atiraram em Anderson Rosa de Souza durante uma ronda na
Cidade de Deus. Novamente, a morte foi registrada como auto de resistência.
A certidão de óbito de Anderson, pai de dois
filhos, técnico de refrigeração, menciona ferimentos por arma de fogo na
cabeça, pulmão e baço. Mais tarde, os policiais informaram que Anderson seria
gerente do tráfico local. O inquérito está com o ministério público e permanece
em aberto até hoje.
A revista lembrou que Adriano da Nóbrega já recebeu uma menção
honrosa e depois uma comenda por iniciativa do então deputado Flávio Bolsonaro.
A Veja diz ainda que, em 2008, Márcia Aguiar, empregada no gabinete
da Alerj e mulher de Fabrício Queiroz foi à delegacia da mulher relatar ter
sido vítima de agressões do marido. Mas, ela não quis fazer o corpo de delito e
o caso foi arquivado.
Fabrício Queiroz é investigado pelo Ministério Público do Estado por
suspeita de ter arrecadado parte dos salários de outros funcionários do
gabinete de Flávio Bolsonaro, num esquema conhecido como “rachadinha”. O
Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou que Queiroz
movimentou R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017.
Queiroz se submeteu a uma cirurgia do intestino em janeiro e, desde
então, faltou a convocações do Ministério Público para prestar depoimento
alegando motivo de saúde, e não tem feito aparições públicas.
A investigação do MP sobre a movimentação financeira suspeita dele e
de outros funcionários da Alerj permanece em sigilo.
Sobre o inquérito que apurou a morte de Gênesis da Silva, a Polícia
Civil informou que há possibilidade de que ele tenha sido morto pelos próprios
comparsas ou que os policiais tenham agido em legítima defesa e, por isso, a
polícia vai sugerir o arquivamento do caso. O RJTV não conseguiu contato com a
defesa de Fabrício Queiroz.
Outro lado
A defesa técnica de Fabrício Queiroz repudia
com veemência a matéria veiculada pela Revista Veja, uma vez o senhor Fabrício
não tem ficha corrida, pois não é bandido. Na realidade os registros de
ocorrência mencionados na reportagem são fruto de sua atuação como policial
militar em uma das cidades mais violentas do mundo, mas sempre pautadas dentro
da legalidade e ao bem da Sociedade. No mais, reitera que já prestou todos os
esclarecimentos acerca dos fatos ao órgão responsável pela apuração e vê as
demais questões apenas como um fetiche mórbido por sua vida pessoal tentando
criar a falsa imagem de alguém que transgride a lei sem qualquer relevância
para a investigação.
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