Partidos NOVO e PSL votam contra as vítimas de Brumadinho e o meio ambiente
Na ultima quinta-feira (27), o general Augusto Heleno e o presidnete Bolsonaro haviam dito que a Alemanha tinha que aprender muito com o Brasil sobre os cuidados com meio ambiente.
Tragédia em Brumadinho, com rompimento de barragem da Vale, atingiu milhares de famílias. Cerca de 250 pessoas morreram |
Ricardo Stuckert
Ricardo Stuckert |
Foi aprovado em Plenário na noite dessa terça-feira (25) o
projeto de lei (PL 2788/2019) que estabelece as regras de responsabilidade
social do empreendedor. O PL foi fruto da Comissão Externa de Brumadinho,
criada em fevereiro deste ano e que durante três meses realizou inspeções
locais e ouviu dezenas de autoridades, especialistas, vítimas e testemunhas do
desastre da Vale do Rio Doce em Brumadinho, Minas Gerais, que matou mais de 240 pessoas.
A proposta se aplica
aos casos de licenciamento ambiental de barragens e de emergências (leia-se
desastres) decorrentes de vazamentos ou rompimentos, ocorridos ou iminentes,
dessas estruturas. Estabelece os direitos das populações afetadas e a
obrigatoriedade e critérios de reparação por meio de indenização e compensação
social equivalente e o reassentamento coletivo obrigatório.
Neste
breve artigo não examinamos o conteúdo da proposta mas interessa verificar como
votaram os partidos em relação a essa matéria no Plenário da Câmara. Trata-se
de uma matéria diretamente associada à questão ambiental, foco do nosso projeto #RADAR Clima e
Sustentabilidade que desenvolvemos em parceria com o Congresso
em Foco.
Os
temas ambientais não têm tido uma acolhida em regra favorável na Câmara em face
da forte influência da denominada bancada ruralista (Frente Parlamentar
Agropecuária), que tem uma pauta conhecida de flexibilização e retrocessos nos
mecanismos de controle e proteção ambiental (exemplo mais recente e evidente
foi a votação da MP 867, do Código florestal, no Plenário da Câmara).
Também
as posições do atual governo frontalmente contrárias ao controle e
responsabilização ambiental exercem forte influência na casa, uma vez que neste
semestre o governo tem contado com mais de 90% dos votos dos partidos de centro
e direita.
Entretanto, no caso particular desta lei, temos fatores interessantes
que influenciaram no resultado. Obviamente que a comoção nacional em torno das
mais de 240 mortes do acidente da Vale falou alto no Plenário. Além disso, a
proposta não cria nenhum tipo de constrangimento ou responsabilidade ambiental
para as atividades agropecuárias diretamente, até porque elas não têm
responsabilidade nesse tipo de atividade. Ao contrário, no caso de acidentes
que possam comprometer (poluir e degradar) áreas rurais cria direitos de
indenização da comunidade, sobretudo proprietários rurais afetados.
O projeto de
lei, que tramitou em tempo recorde (menos de quatro meses na Câmara), foi
aprovado por ampla maioria de votos. Apenas dois partidos foram total
ou majoritariamente contrários à proposta.
O Novo, mais uma
vez se destacou como o único partido que votou 100% contra o PL. O mesmo
ocorreu na aprovação da MP 867 (Código florestal). O PSL também foi o
único partido que votou majoritariamente contra a proposta. Destacamos,
entretanto, que no PSL todos os deputados de MG votaram favoravelmente ao PL.
Isso é um indício de que a proposta é necessária e importante para as vítimas
do desastre ambiental.
Mas ainda assim, em
lugar de haver solidariedade para com a bancada mineira, o partido encaminhou
voto contrário, ou seja, votou favoráveis às empresas criminosas e
irresponsáveis. É de merecer registro que o líder do Governo da Câmara, o deputado
Major Vitor Hugo (PSL-GO), votou a favor do projeto.
Obviamente
não se trata de um projeto de lei de natureza ambiental comum. Sobre ele recai
a pressão popular da comoção em torno das centenas de mortes recentes e da
magnitude do desastre ambiental da Vale que comprometeu todo o Rio Doce, parte
da Bacia Hidrográfica do Vale do São Francisco e inclusive áreas marinhas no
litoral da Bahia e Espírito Santo.
Ainda
assim, o resultado dessa votação constitui um interessante material de análise
de comportamento desta nova Legislatura, e das bancadas partidárias no tema
ambiental. Neste caso, não houve influência ou aderência da bancada ruralista à
posição da extrema direita. O que mostra que quando a bancada ruralista não é
contra, é possível aprovação de medidas socioambientais positivas.
Houve
sim, neste caso, um alinhamento dos liberais de extrema direita (PSL e Novo) a
favor das empresas de mineração, sendo que a própria bancada do agronegócio não
atuou com a bancada do governo (PSL). O quórum registrado foi de 392 deputados
(mais de 75% do total).
O
resultado foi de 328 votos FAVORÁVEIS ao PL (84% dos presentes), 62 CONTRÁRIOS
(16% dos presentes) e 1 Abstenção. Dos votos contrários, 32, ou seja, mais de
50% foram do PSL, e 8 do Novo (100% dos seus deputados).
Quanto
ao Novo, começa a se consolidar o que se escuta nos corredores da Câmara a seu
respeito de que ele nada mais é do que um PSL Personnalité (um
puxadinho chique do PSL).
Esperava-se
do Novo uma postura muito conservadora nos costumes e muito liberal no que
tange a economia. Entretanto, pelo menos eu, esperava do Novo uma posição mais
responsável em relação ao empreendedorismo moderno, que obviamente só será
responsável e contemporâneo se (e quando) for sustentável. Porém, assistimos à
segunda votação ambiental relevante neste semestre em que o comportamento do
Novo se mostra totalmente (100%) refratário à sustentabilidade. Ou seja, um
Novo partido antiambiental!
Veja
como votaram os partidos:
Avante
TOTAL 4: 3 SIM, 1 NÃO (votou contra o PL o deputado Tito, da Bahia) e 3 AUSÊNCIAS
TOTAL 4: 3 SIM, 1 NÃO (votou contra o PL o deputado Tito, da Bahia) e 3 AUSÊNCIAS
Cidadania
TOTAL 7: 6 SIM, 1 NÃO (votou contra o PL o deputado Arnaldo Jardim, de São Paulo), 1 AUSÊNCIA
TOTAL 7: 6 SIM, 1 NÃO (votou contra o PL o deputado Arnaldo Jardim, de São Paulo), 1 AUSÊNCIA
DEM
TOTAL 25: 23 SIM, 2 NÃO (votaram contra o PL os deputados Kim Kataguiri, de São Paulo, e Carlos Henrique Gaguim, de Tocantins), 2 ausências mais o presidente Rodrigo Maia, que não vota (art. 17 do regimento).
TOTAL 25: 23 SIM, 2 NÃO (votaram contra o PL os deputados Kim Kataguiri, de São Paulo, e Carlos Henrique Gaguim, de Tocantins), 2 ausências mais o presidente Rodrigo Maia, que não vota (art. 17 do regimento).
MDB
TOTAL 25: 22 SIM, 3 NÃO (votaram contra o PL Celso Maldaner, de Santa Catarina, Darcísio Perondi, do Rio Grande do Sul, e Rogério Peninha, de Santa Catarina), 9 ausências.
TOTAL 25: 22 SIM, 3 NÃO (votaram contra o PL Celso Maldaner, de Santa Catarina, Darcísio Perondi, do Rio Grande do Sul, e Rogério Peninha, de Santa Catarina), 9 ausências.
Novo
TOTAL 8: 8 NÃO (TODOS os deputados do Novo votaram contra: Adriana Ventura, de São Paulo; Alexis Fonteyne, de São Paulo; Gilson Marques, de Santa Catarina; Lucas Gonzales, de Minas Gerais; Marcel Van Hatem, do Rio Grande do Sul; Paulo Ganime, do Rio de Janeiro; Tiago Mitraud, de Minas Gerais; e Vinicius Poit, de São Paulo).
TOTAL 8: 8 NÃO (TODOS os deputados do Novo votaram contra: Adriana Ventura, de São Paulo; Alexis Fonteyne, de São Paulo; Gilson Marques, de Santa Catarina; Lucas Gonzales, de Minas Gerais; Marcel Van Hatem, do Rio Grande do Sul; Paulo Ganime, do Rio de Janeiro; Tiago Mitraud, de Minas Gerais; e Vinicius Poit, de São Paulo).
Patriota
TOTAL 5: 3 SIM, 2 NÃO (votaram contra o PL os deputados Alcides Rodrigues, de Goiás, e Pastor Eurico, de Pernambuco).
TOTAL 5: 3 SIM, 2 NÃO (votaram contra o PL os deputados Alcides Rodrigues, de Goiás, e Pastor Eurico, de Pernambuco).
PCdoB
TOTAL 7: 7 SIM e 1 ausência.
TOTAL 7: 7 SIM e 1 ausência.
PDT
Total 7: 7 SIM e (curiosamente, 20 ausências).
Total 7: 7 SIM e (curiosamente, 20 ausências).
PL
TOTAL 31: 31 SIM e 7 ausências.
TOTAL 31: 31 SIM e 7 ausências.
PMN
TOTAL 2: 2 SIM.
TOTAL 2: 2 SIM.
Podemos
TOTAL 9: 8 SIM, 1 NÃO (votou contra o deputado José Medeiros, de Mato Grosso) e 2 ausências.
TOTAL 9: 8 SIM, 1 NÃO (votou contra o deputado José Medeiros, de Mato Grosso) e 2 ausências.
PP
TOTAL 29: 28 SIM, 1 NÃO (votou contra o PL o deputado Fausto Pinato, de São Paulo, e 10 ausências.
TOTAL 29: 28 SIM, 1 NÃO (votou contra o PL o deputado Fausto Pinato, de São Paulo, e 10 ausências.
PRB
TOTAL 24: 21 SIM, 3 NÃO (votaram contra o PL os deputados Cap. Alberto Neto, do Amazonas, Severino Pessoa, de Alagoas, e Vavá Martins, do Pará, e 7 ausências.
TOTAL 24: 21 SIM, 3 NÃO (votaram contra o PL os deputados Cap. Alberto Neto, do Amazonas, Severino Pessoa, de Alagoas, e Vavá Martins, do Pará, e 7 ausências.
Pros
TOTAL 10: 9 SIM E 1 NÃO (votou contra o PL o deputado Eros Biondini, de Minas Gerais).
TOTAL 10: 9 SIM E 1 NÃO (votou contra o PL o deputado Eros Biondini, de Minas Gerais).
PSB
TOTAL 29: 29 SIM e 3 ausências.
TOTAL 29: 29 SIM e 3 ausências.
PSC
TOTAL 4: 2 SIM, 2 NÃO (votaram contra o PL os deputados Glaustin Fokus, de Goiás, e Paulo Eduardo Martins, do PR), 1 ausência.
TOTAL 4: 2 SIM, 2 NÃO (votaram contra o PL os deputados Glaustin Fokus, de Goiás, e Paulo Eduardo Martins, do PR), 1 ausência.
PSD
TOTAL 28: 24 SIM, 4 NÃO (votaram contra o PL os deputados Joaquim Passarinho, do Pará; Reinhold Stephanes Jr., do Paraná; Sidney Leite, do Amazonas, e Wladimir Garotinho, do Rio de Janeiro) e 8 ausências.
TOTAL 28: 24 SIM, 4 NÃO (votaram contra o PL os deputados Joaquim Passarinho, do Pará; Reinhold Stephanes Jr., do Paraná; Sidney Leite, do Amazonas, e Wladimir Garotinho, do Rio de Janeiro) e 8 ausências.
PSDB
TOTAL 21: 20 SIM, 1 NÃO (votou contra o PL o deputado Eduardo Cury, de São Paulo) e 8 ausências.
TOTAL 21: 20 SIM, 1 NÃO (votou contra o PL o deputado Eduardo Cury, de São Paulo) e 8 ausências.
PSL
TOTAL 40: 7 SIM (votaram A FAVOR DO PL no PSL os seguintes deputados Alê Silva, de Minas Gerais; Charlles Evangelista, de Minas Gerais; Delegado Marcelo Freitas, de Minas Gerais; Dr. Luiz Ovando, de Mato Grosso do Sul; Eneias Reis, de Minas Gerais; Léo Motta, de Minas Gerais, e Major Vitor Hugo, de Goiás).
TOTAL 40: 7 SIM (votaram A FAVOR DO PL no PSL os seguintes deputados Alê Silva, de Minas Gerais; Charlles Evangelista, de Minas Gerais; Delegado Marcelo Freitas, de Minas Gerais; Dr. Luiz Ovando, de Mato Grosso do Sul; Eneias Reis, de Minas Gerais; Léo Motta, de Minas Gerais, e Major Vitor Hugo, de Goiás).
Todos
os demais do PSL ou votaram contra (32) ou estavam ausentes (14), e 1 abstenção
(delegado Antonio Furtado, do Rio de Janeiro). Destacamos aqui que todos os
deputados do PSL de Minas Gerais votaram a favor do PL.
Psol
9 SIM e 1 ausência.
9 SIM e 1 ausência.
PT
45 SIM e 9 ausências.
45 SIM e 9 ausências.
PTB
8 SIM e 4 ausências.
8 SIM e 4 ausências.
PV
3 SIM e 1 ausência.
3 SIM e 1 ausência.
Rede
1 SIM.
1 SIM.
Solidariedade
9 SIM e 5 ausências.
9 SIM e 5 ausências.
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