Plantio da maconha para fins medicinal deverá ser liberado até final do ano, segundo o presidente da Anvisa
Já uma indústria para o plantio, deve demorar um pouco mais.
Diretor-presidente da Anvisa afirmou que é preciso garantir qualidade e eficácia de medicamentos à base de cannabis Foto: Reprodução |
O diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária ( Anvisa ), William Dib , disse acreditar que até o final de 2019 o plantio de maconha para uso medicinal e em pesquisas estará liberado no Brasil.
No final
de uma audiência sobre o tema, realizada nesta terça-feira, Dib afirmou que,
devido ao fato de uma plantação de maconha demorar seis meses para dar a
primeira florada (e possibilitar a extração do óleo usado como remédio), as
empresas deverão optar, primeiramente, pela importação de insumos para, em
seguida, produzir medicamentos por meio do próprio cultivo.
— A gente
acredita que até o final do ano teremos a legislação publicada e pronta. Se a
empresa já tem o terreno, e é só uma questão de adaptação, ela fará isso
rápido. Em seis meses, teria a primeira florada e poderia começar a produzir —
disse.
O
presidente ressaltou que as empresas que optarem por trazer o insumo de outro
país poderão começar a comercializar "no dia seguinte" os
medicamentos à base de cannabis. No entanto, até se consolidar, no território
brasileiro, uma indústria de plantio da maconha, "vai levar um
tempo", avalia Dib.
Plantação de Cannabis para fim medicinal |
— Não
importa se é a indústria nacional ou internacional (que vai dominar o mercado
brasileiro), o que importa é quem se viabilizar primeiro. Pode começar
pelo plantio, mas pode começar pela importação do insumo e produzir aqui. Isso
seria tão rápido quanto (começar pelo plantio). Por quem? Por todo mundo que
tem laboratório.
A
jornalistas, o presidente da Anvisa disse não acreditar que a liberação do
cultivo vai acabar com a indústria da judicialização para importação.
— A
judicialização, na prática, já deveria ter acabado. Se um médico prescrever
para um paciente, a Anvisa autoriza a entrada desse produto sem judicialização.
Tem gente que prefere judicializar, mas não há necessidade. Já existe decisão
judicial que diz que o cidadão tem direito de importar. O que a ação
judicial não permite é fazer estoque.
Sobre o
fato de boa parte das entidades que hoje atendem a pacientes pelo país exigirem
que o plantio seja liberado também para associações e pessoas físicas, Dib
ponderou que a Anvisa não teria capacidade de fiscalizar toda a produção.
— Liberar
a cannabis é uma questão de política de governo e do Congresso Nacional. A
Anvisa só pode tratar de medicamentos. A Anvisa está liberando a produção de
medicamentos com base em cannabis. Ela não tem poder legal nem força de lei
para liberar a cannabis — explica ele, que completa: — As pessoas querem que
liberamos o cultivo em suas casas, em seus quintais, em seus vasos de
estimação. A Anvisa não tem condição de legislar sobre isso e muito menos de
fiscalizar. Como (pessoas e associações) vão dosar o óleo que é extraído
do seu fundo de quintal ou de sua cooperativa? Eu não tenho condição de
gerar confirmação de eficácia.
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