Apesar de lobby de Bolsonaro, comissão derruba vantagens para policiais
Acordo é para que negociações com categorias sejam retomadas na votação do texto em plenário.
Pouco depois deaprovar
o texto-base da reforma da Previdência por 36 votos a 13 , aComissão
Especial rejeitou nesta quinta-feira dois destaques ao texto principal que
garantiriam regras mais vantajosas para policiais e outros profissionais da
área de segurança pública. A decisão confirmou um acordo selado por
parlamentares e o governo, que prevê que uma nova rodada de negociação será
realizada durante a votação da proposta no plenário da Câmara, prevista para
ser concluída semana que vem.
A maior expectativa era sobre o destaque 40, apresentado
pelo PSD com base em uma emenda do deputado Hugo Leal (PSD-RJ). O
texto previa idade mínima de aposentadoria de 55 anos para homens e 53 anos
para mulheres para policiais federais, rodoviários, ferroviários, guardas
municipais e outras categorias da área de segurança pública. O parecer aprovado
mais cedo prevê idade mínima de 55 anos para homens e mulheres e não inclui
todas essas categorias. Guardas municipais, por exemplo, não são contemplados.
A emenda foi rejeitada por 30 votos a 19.
A votação foi acompanhada por dezenas de representantes de
forças de segurança, que chegaram a iniciar um coro de “sim! sim! sim!”, assim
que o painel para votação foi aberto. O presidente da Comissão, Marcelo Ramos
(PL-AM), no entanto, pediu que o protesto fosse interrompido. Após o resultado,
manifestantes protestaram com o grito “PSL traiu a polícia do Brasil”, em
referência ao partido do presidente Jair Bolsonaro.
Autor da proposta, Leal lembrou que Bolsonaro disse que
errou ao encaminhar a proposta de reforma com regras mais duras para a área de
segurança. Bolsonaro chegou a ser chamado de traidor por integrantes dessas
categorias, que o apoiaram nas eleições.
— Quando o presidente Bolsonaro fala que equivocou,
equivocou. Teria que ter vindo aqui um projeto de lei complementar e não dar o
mesmo tratamento aos servidores públicos para os servidores da carreira da
segurança pública. Não sou eu que estou falando. Está na Constituição. Isso vai
ser questionado no Supremo. Estou poupando o governo de um vexame institucional
— disse Leal.
Antes, outro destaque semelhante, apresentado pelo Podemos e
com base em uma emenda do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), já havia sido
rejeitado, este por 31 votos a 17. O texto previa regras ainda mais vantajosas:
aposentadoria com idade mínima de 53 anos para homens, 52 para mulheres, com pedário
de 17% sobre o tempo necessário para se aposentar pelas regras atuais — uma
transição tão branca quanto a proposta para os militares das Forças Armadas.
Para o relator da reforma na Comissão Especial, Samuel
Moreira (PSDB-SP), a negociação deve ser retomada em outro momento.
— Há um reconhecimento na ativa. É preciso dar salários bons
na ativa. A aposentadoria é um seguro contra a perda de capacidade laboral na
velhice. Essa reforma é para fazer ajustes na Previdência. Quem não gosta de
dizer sim, de dar benefícios? Mas temos uma responsabilidade orçamentária neste
momento. Mais uma vez, venho pedir para que a gente mantenha o texto. Em outra
oportunidade possamos discutir os avanços, o que pode ser melhorado, inclusive
na questão da segurança — disse o relator.
Esses foram os primeiros dois destaques analisados, de um
total de 17 apresentados por bancadas. A Comissão Especial derrubou ainda 99
propostas feitas de forma individual por parlamentares, uma forma de acelerar
os trabalhos.
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