Encomendas vão atrasar! Nessa quarta-feira funcionários dos Correios iniciam greve
Funcionários reivindicam salários e plano de saúde.
Em meio a expectativas de privatização por parte do governo federal, os
funcionários dos Correios anunciaram uma greve a partir da noite desta
quarta-feira, 31. A Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de
Correios e Telégrafos e Similares (Fentect) teve uma reunião com a diretoria da
empresa na manhã da última terça-feira, 30, mas o encontro terminou sem
acordos.
A Fentect enviou ao
novo presidente dos Correios,
Floriano Peixoto, que assumiu a companhia no dia 21 de junho, um ofício
informando que a paralisação por tempo indeterminado se dará por
“reivindicações não atendidas pela empresa à mesa de negociação” e por falta de
“reajuste salarial e contra a retirada de direitos históricos da categoria”.
Durante o dia, representantes dos funcionários irão ao Tribunal Superior
do Trabalho, que tenta mediar as conversas e impedir a greve. Serão
discutidos temas caros aos funcionários, como o “baixo reajuste salarial” e a
retirada dos pais como dependentes no plano de saúde dos empregados.
A empresa também quer
debater a taxa de coparticipação dos funcionários nos convênios médicos, que
hoje está na casa dos 30%. Os correios carregam uma conta de 6 bilhões de reais
com planos de saúde e previdência dos funcionários.
O secretário de
imprensa da Fentect, Fischer Moreira, afirma que apesar da data marcada para a
greve, os funcionários ainda estão disponíveis para negociar. “Entendemos o
momento da empresa, mas é necessário também ver o lado do trabalhador”, afirma.
A estatal já foi apontada pelo presidente Jair Bolsonarocomo
uma das prioridades de privatização de seu governo.
A equipe econômica
enxerga nos Correios uma companhia inchada e ineficiente, com brechas demais
para desvios e um histórico de corrupção.
Os Correios passaram por quatro anos seguidos de prejuízo de 2013 a
2016. As perdas acumuladas que ainda não foram pagas chegam a 2,5 bilhões de
reais. Nos últimos dois anos, a empresa voltou ao azul, mas com margem de lucro
apertada e grande necessidade de investimento.
A privatização é um assunto que não está resolvido nem mesmo no
próprio governo. O secretário de Desestatização e Desinvestimentos do
Ministério da Economia, Salim Mattar, é um dos defensores da venda, mas o
ministro Marcos Pontes, do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e
Comunicações, já deu declarações defendendo maior reflexão sobre o tema.
O general Juarez Cunha,
que ocupava a presidência da estatal antes de Floriano Peixoto, foi demitido
por Bolsonaro, que não gostou de sua postura durante uma audiência pública no
Congresso sobre a privatização da estatal.
“Não necessariamente a
privatização vai trazer preços mais acessíveis, inclusive para regiões
periféricas, e a precarização de serviços vai ser ampliada.
A gente sabe que existe
esse fantasma da privatização e combate essa perspectiva”, disse Fischer
Moreira. Os Correios afirmaram que “continuam em negociação com representações
dos empregados”, com mediação do TST, e que “não é oportuno tratar de greve
neste momento”.
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