Governo Federal suspende produção de insulina e outros 18 remédios distribuídos gratuitamente
Medida atinge sete grandes laboratórios públicos nacionais; 30 milhões de brasileiros podem ser prejudicados
Em
mais um golpe contra a indústria nacional de ponta, desta vez na área
farmacêutica, o governo Bolsonaro decidiu de maneira unilateral e sem qualquer
justificativa suspender os contratos com sete grandes laboratórios públicos
para produção de 19 remédios de distribuição gratuita pelo SUS– entre eles a
insulina e medicamentos para câncer e transplantados. A denúncia é do jornal O Estado de S.Paulo.
Mais de 30 milhões de
pessoas dependem desses remédios no Brasil. Segundo o periódico, nas últimas
semanas os laboratórios receberam cartas do Ministério da Saúde comunicando a
suspensão de projetos de Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDPs) –
que entregam tais medicamentos ao governo a preços 30% menores do que os de
mercado.
Entre os atingidos,
estão laboratórios de reconhecida excelência, inclusive para os parâmetros
internacionais, como Biomanguinhos, Butantã, Bahiafarma, Tecpar, Farmanguinhos
e Furp. O cancelamento dos projetos geraria uma perda anual da ordem de R$ 1
bilhão.
Também devem ser
encerrados contratos com laboratórios internacionais nacionais de caráter
privado, que trabalham em parceria com os públicos no desenvolvimento dos
remédios.
Procurado pelo
jornal, o Ministério da Saúde informou que o “ato de suspensão” é por um
período transitório", enquanto ocorre “coleta de informações”.
O Estadão afirma, no
entanto, ter tido acesso a um dos ofícios enviados aos laboratórios, cujos
termos de encerramento seriam categóricos.
“Comunicamos a
suspensão da referida PDP do produto Insulina Humana Recombinante Regular e
NPH, celebrada com a Fundação Baiana de Pesquisa Científica e Desenvolvimento
Tecnológico, Fornecimento e Distribuição de Medicamentos e solicitamos
manifestação formal da instituição pública quanto à referida decisão, no prazo
improrrogável de dez dias úteis”, diz o texto do ofício, segundo o jornal.
O presidente da
Bahiafarma e da Associação dos Laboratórios Oficiais do Brasil (Alfob), Ronaldo
Dias, afirmou que a entrega já programada continua garantida e não haverá
interrupção imediata no fornecimento.
Mas no médio prazo,
além de colocar em risco a saúde de milhões de pessoas, a medida destrói
aindústria nacional de medicamentos. "É um verdadeiro desmonte de milhões
de reais de investimentos que foram feitos pelos laboratórios ao longo dos
anos, além de uma insegurança jurídica nos Estados e entes federativos. Os
laboratórios não têm mais como investir a partir de agora. A insegurança que
isso traz é o maior golpe da história dos laboratórios públicos."
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