Senado aprova derrubar decretos de Bolsonaro que flexibilizam porte de armas
Com decisão, texto segue para a Câmara dos Deputados. Decretos foram assinados por Bolsonaro em maio e, desde então, têm sido questionados no Congresso e na Justiça.
O
plenário do Senado aprovou
nesta terça-feira (18), por 47 votos a 28, o parecer da Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ) que pede a suspensão dos
decretos do presidente Jair Bolsonaro que facilitaram o porte de armas.
Com a decisão,
o texto seguirá para análise da Câmara dos Deputados. As regras previstas nos decretos
continuarão valendo até que a Câmara vote o tema e, eventualmente, aprove a
suspensão dos decretos.
O direito ao porte é
a autorização para transportar a arma fora de casa. É diferente da posse,
que só permite manter a arma dentro de casa.
Assim que o
Senado tomou a decisão, Bolsonaro publicou a seguinte mensagem em uma rede
social: "Por 47 a 28, o Senado derrota nosso Decreto sobre CACs e Posse de
Armas de Fogo. Esperamos que a Câmara não siga o Senado, mantendo a validade do
nosso Decreto, respeitando o Referendo de 2005 e o legítimo direito à
defesa."
O primeiro
decreto sobre armas e munições foi assinado em 7 de maio.
Desde então, foi alvo de questionamentos na Justiça e no Congresso Nacional.
Diante da
polêmica em torno do assunto, Bolsonaro recuou e, em 22 de maio, assinou um outro decreto sobre
o tema. A medida também se tornou alvo de contestações
A
discussão no plenário sobre o parecer da CCJ levou cerca de três horas. Durante
o debate, dez senadores favoráveis aos decretos e dez contrários puderam discursar
– cada um teve direito a três minutos de fala. Logo depois, o resultado da
votação foi anunciado.
Pouco antes de
proclamar o resultado, o presidente do Senado, Davi
Alcolumbre (DEM-AP), afirmou que os parlamentares
demonstraram "maturidade política" ao discutir o tema.
Após a
confirmação do resultado, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse
respeitar a decisão do Senado, mas acrescentou discordar. Na opinião do
ministro, os parlamentares focaram a discussão no mérito (conteúdo) da
proposta, sem se concentrar no debate sobre a constitucionalidade das regras.
Discussão na CCJ
Um
relatório favorável aos decretos, apresentado pelo senador Marcos do Val
(Cidadania-ES), defensor da flexibilização das regras sobre armas, foi
derrubado por 15 votos a 9 na Comissão de Constituição e Justiça.
No lugar desse
relatório, foi aprovado o parecer do senador Veneziano Vital do Rêgo (PSB-PB),
favorável à suspensão dos decretos.
Esse parecer
foi analisado nesta terça pelo plenário principal do Senado.
Argumentos
Mais
cedo, nesta terça-feira, o presidente Jair Bolsonaro fez
um apelo a senadores e a deputados para os parlamentares
não deixarem os decretos "morrerem".
Também
nesta terça, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, afirmou na Câmara que,
ao editar os decretos, o governo "recuperou" o direito do
cidadão à legítima defesa.
Bolsonaro tem
argumentado que o desarmamento interessa a quem tem projeto de "poder
absoluto". Nesta segunda-feira, o presidente disse: "Senadores,
deputados, temos a batalha dos decretos das armas. Vamos lutar lá, porque quem
quer desarmar o povo é quem quer o poder absoluto. Eu quero que o povo, o
cidadão de bem, tenha o direito à legítima defesa".
O líder do PSL
no Senado, Major Olimpio (PSL-SP), também vinha cobrando mobilização por parte
da população. "Se a população se mobilizar, de fato, nós vamos derrubar no
plenário essa adversidade e vamos manter o decreto do presidente. Não é uma
luta pelo porte e, sim, pelo direito de defesa da vida", argumenta.
Parlamentares
contrários à medida de Bolsonaro, como o senador Fabiano Contarato (Rede-ES),
classificam a flexibilização das regras como um "retrocesso que pode
aumentar o número de mortes por armas de fogo.
"A
segurança pública é direito de todos e dever do Estado. Então, o Executivo, em
nome de uma medida populista, renuncia à sua tarefa e a transfere para a
população", diz o parlamentar.
Na semana
passada, o líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou
ter recebido ameaças por
ser contrário aos decretos de Bolsonaro. Ele registrou um boletim de ocorrência
e pediu investigação à Polícia Legislativa.
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