Órgão do MPF obriga Bolsonaro a revelar dados sobre desaparecido durante o regime militar
Bolsonaro havia dito que sabia como o pai do presidente da OAB tinha morrido, em tom sarcástico.
Imagem: Gabriela Biló/Estadão Conteúdo |
A
PFDC (Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão), órgão do MPF (Ministério
Público Federal), divulgou nota hoje afirmando que qualquer autoridade é
obrigada a revelar informações que possua sobre as circunstâncias de um
desaparecimento. O comunicado foi publicado um dia após a declaração do
presidente Jair Bolsonaro sobre a morte de Fernando Santa Cruz, pai de Felipe
Santa Cruz, presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), a qual o órgão
classificou como "de enorme gravidade".
Ao
reclamar sobre a participação da OAB na investigação do ataque a faca sofrido
por ele durante a campanha eleitoral no ano passado, Bolsonaro afirmou que
poderia explicar ao presidente da Ordem como o pai dele, considerado
desaparecido político, sumiu durante a ditadura militar.
Para
o órgão, o comentário do presidente "reveste-se de enorme gravidade, não
só pelo atrito com o decoro ético e moral esperado de todos os cidadãos e das
autoridades públicas, mas também por suas implicações jurídicas".
Especialistas em diferentes áreas do direito ouvidos dizem que as falas podem
ser enquadradas na lei de crimes de responsabilidade.
"Qualquer
autoridade pública, civil ou militar, e especialmente o Presidente da
República, é obrigada a revelar quaisquer informações que possua sobre as
circunstâncias de um desaparecimento forçado ou o paradeiro da vítima",
diz um trecho da nota.
"Essa
responsabilidade adquire ainda maior relevância no caso de Fernando Santos
Cruz, pois o presidente afirma ter informações sobre um crime internacional que
o direito considera em andamento", acrescentou.
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