Previdência: após pressão de Bolsonaro, relator vai reduzir idade mínima para policiais
Categoria, porém, rejeitou o acordo por não aceitar pedágio de 100% para requerer benefício.
O relator da reforma da Previdência na comissão especial, Samuel Moreira, conversa com o presidente da comissão, Marcelo Ramos Foto: Adriano Machado / Reuters |
Pressionado
peloCongresso e pelo Palácio do Planalto , o relator da reforma da Previdência , Samuel
Moreira(PSDB-SP), decidiu beneficiar policiais federais em seu voto. A idade
mínima de aposentadoria da categoria ficará em 53 anos (homens) e 52 anos
(mulheres). Na última versão do relatório, Moreira manteve a proposta original
do governo, com idade mínima de 55 anos para homens e mulheres.
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A nova
regra beneficia não apenas policiais federais, mas também seguranças do
Congresso, policiais rodoviários e agentes penitenciários. Esses profissionais
alegam que exercem atividades de risco e, por isso, têm direito a aposentadoria
especial. Os policiais querem a cobrança de um pedágio de 17%, igual ao
estabelecido para as Forças Armadas em projeto que tramita na Câmara dos
Deputados.
Segundo
o presidente da comissão especial, Marcelo Ramos (PL-AM), representantes do
policiais rejeitaram o acordo. Eles não concordam, por exemplo, com a criação
de um pedágio de 100% para requerer o benefício.
O
presidente Jair Bolsonaro autorizou o ministro Onyx Lorenzoni, daCasa
Civil , e o secretário especial da Previdência Social , Rogério
Marinho, a negociar regras diferenciadas para policiais federais e outras
especificidades no texto da reforma da Previdência desde que não mexa na
economia esperada de R$ 1 trilhão. O ministro da Economia ,
Paulo Guedes, participou da conversa por telefone.
A
reunião foi convocada às pressas na tarde desta quarta-feira, na volta do
presidente a Brasília, depois de participar pela manhã da troca de comando da
unidade do Exército do Sudeste, em São Paulo. Bolsonaro era
esperado em um evento do Ministério da Justiça na Praça dos Três Poderes, mas
cancelou sua participação para tratar das novas regras de aposentadoria.
Ao
final do encontro no Palácio do Planalto, Onyx foi à residência oficial do
presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tratar do tema. No
dia anterior, Bolsonaro foi chamado de "traidor" por representantes
de policiais.
- O presidente
Bolsonaro sempre destacou a importância do trabalho dos profissionais da área
de segurança pública e é um defensor do atendimento das necessidades desta
categoria para o bom exercício da profissão de risco. As condições
diferenciadas das categorias estão sendo estudadas com rigor e negociadas no
Parlamento, mas o presidente reforça [que] todo mundo vai dar a sua cota de
sacrifício - disse.
Acordo
com centrão
Segundo
líderes envolvidos na negociação, houve acordo para resolver sete pontos do
texto de Samuel Moreira que deixaram partidos docentrão insatisfeitos e,
com isso, iniciar a votação. Parte desses tópicos será ajustada no relatório,
parte na comissão em forma de destaque (votação separada) e o restante no
plenário da Câmara.
Os
deputados do centrão cobraram alterações nas referências feitas a estados e
municípios, nas regras para policiais, na reoneração da contribuição
previdenciárias nas exportações de produtos agrícolas, na citação de que
policiais militares e bombeiros ingressarão no regime de aposentadoria das
Forças Armadas, no novo regime de previdência dos políticos, na impossibilidade
de renegociar dívidas com o Funrural, e no foro de ações previdenciárias.
Com
isso, o cenário para a votação da reforma na comissão especial ficou mais
favorável. No início do dia, a perspectiva era que não havia condições para
colocar o texto em votação. No entanto, no final da tarde, líderes já afirmavam
que há espaço para isso.
A
comissão especial pode começar a votação à noite, depois de Samuel Moreira ler
mais um complemento do seu relatório. O início do processo de votação, porém,
não significa que o mérito da reforma da Previdência já será analisado. Antes
de votar o relatório, será preciso analisar cinco requerimentos para adiar a
votação. Esses requerimentos foram apresentados pela oposição como parte do
“kit obstrução”, uma saída encontrada pelos deputados contrários à proposta,
para atrasar a votação.
Em
busca da aprovação da reforma na comissão, Moreira vai retirar todas as
referências a estados e municípios. O principal ponto a ser alterado é a
previsão de que entes com sistemas previdenciários em desequilíbrio apliquem
uma alíquota extraordinária a servidores. Esse ponto desagrada deputados
federais, que querem que o ônus da medida impopular se concentre nas
assembleias legislativas.
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